Estes últimos anos vêm sendo tão cansativos,
planilhas, apresentações e palestras, responder e-mails intermináveis, oprimido
por uma rotina onde o relógio é quem comanda, acordando às seis horas da manhã,
tomando um rápido banho pra poder comer o café acompanhando o jornal onde as
noticias já são desanimadoras, crime, roubo, morte, assassinato etc.; pensando no
por que deles passarem essas noticias logo cedo depois que você acorda fazendo
com que você sai de casa para trabalhar acreditando menos na humanidade e com
medo de que a crise tire o seu emprego. Já na empresa onde a um mural dizendo
que somos uma família, mas que na verdade é cada um por si, nos obrigando a “vestir
a camisa” da empresa e adquirindo uma identidade que eu não reconheço no
espelho se tornando mais alienado e menos obstinado.
Depois de um dia igual aos outros finamente chega
à hora de retornar para casa, andando devagar porque sei ninguém me espera, com
um olhar vago e pensando em que momento me perdi, aonde aquele jovem sonhador
foi deixando e agora no lugar só há um cara frio e desinteressante, até que um
foco de luz nos meus olhos chamou a atenção, olhei e me deparei com uma pequena
loja de antiguidades nela paredes altas forradas com todo o tipo de coisa, em
uma delas cheia de prateleiras com objetos que pareciam suvenirs de varias
localidades do pais e do mundo, coisas que você só vê em documentários da national geografic, em outra parede
havia inúmeros quadros, cada pintura parecia ter conceitos e visões diferentes
mas pareciam ser sempre da mesma pessoa, achei aquilo fascinante, ao chegar ao
balcão toquei na campainha, logo em seguida apareceu um rapaz, ruivo que
parecia ter saído dos anos 60/70’s totalmente hippie, era jovem para aquele
estilo e com certeza aos olhos dos outros pareceria excêntrico, eu disse que o
loja era agradável e perguntei o preço de alguns objetos que havia gostado,
surpreendentemente tudo era muito barato e acabei levando algumas coisas
comigo.
No dia seguinte sai do trabalho e fui a loja
novamente, queria descobrir novas coisas que não tinha visto antes, dentro da loja
parecia uma criança curioso com tudo. O rapaz que mais uma vez estava lá atrás
do balcão, começamos a conversar até que
ele me disse que estava feliz de que alguém tenha gostado daquelas coisas, me
contou que tudo ali pertencera ao avô que havia falecido, fiquei surpreso e
perguntei porque vender os pertences que pareciam ter sidos guardados por
tantos anos, ele me disse que foi a ultima vontade do avô que viveu sua vida
intensamente que não adiantava guardar essas coisas porque ele não estaria mais
aqui. O rapaz começou a me contar as historias sobre os objetos, que crescera ouvindo
do avô as estórias de como o avô conseguir eles, as aventuras, os perigos e os
amores que o avô deixou para trás, ele foi um verdadeiro James Bond da sua
época.
Passei a olhar aqueles objetos com um olhar
diferente pensando em todos os acontecimentos por detrás deles, fiquei semanas
me imaginando em lugares e aventuras, finalmente me cansei de só pensar e
resolvi a agir, cansei de ser apenas um telespectador e resolvi me tornar o
protagonista da minha vida, quando fui me dar conta estava no aeroporto com a
mala em uma mão e a passagem na outro tinha me demitido e me despedindo do tédio
o destino?! Vários, só sei que não voltarei o mesmo.
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